A iluminação pública desempenha papel estratégico no desenvolvimento urbano, influenciando diretamente a segurança, a mobilidade e a qualidade de vida da população.
Nos últimos anos, a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP) consolidou-se como uma das principais ferramentas de financiamento desse serviço essencial, permitindo que os municípios planejem investimentos de longo prazo.
Com a reforma tributária e a ampliação do escopo da contribuição, surgem novas oportunidades para que os gestores públicos utilizem os recursos de forma mais inteligente, transparente e eficiente, impulsionando projetos que alinham modernização tecnológica, sustentabilidade energética e eficiência administrativa.
A criação de fundos gestores, a implementação de modelos de Parcerias Público-Privadas (PPPs) e a incorporação de tecnologias inovadoras, como luminárias LED, telemetria e geração solar, demonstram que a COSIP não se limita apenas ao custeio básico.
Ela pode ser o motor da modernização da infraestrutura municipal, desde que aplicada dentro dos limites constitucionais e legais. Este artigo explora como os municípios podem utilizar esses recursos de forma responsável e estratégica para transformar a gestão da iluminação pública e fortalecer a construção de cidades inteligentes.
O que é a Custeio do Serviço de Iluminação Pública?
A COSIP foi criada pela Emenda Constitucional nº 39/2002, que inseriu o artigo 149-A na Constituição Federal. Diferentemente das antigas taxas de iluminação pública, consideradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, a contribuição foi concebida como fonte específica de financiamento.
Sua natureza tributária garante vinculação direta dos valores arrecadados ao serviço de iluminação, respeitando o princípio da afetação.
Inicialmente, a contribuição destinava-se exclusivamente ao custeio do serviço de iluminação pública, abrangendo despesas de manutenção e operação da rede.
Com o tempo, discussões jurídicas e decisões do STF consolidaram o entendimento de que a expressão “custeio” incluía também expansão e modernização da infraestrutura, abrindo espaço para investimentos em projetos de eficiência energética e em melhorias tecnológicas.
Essa interpretação fortaleceu a segurança jurídica e possibilitou o avanço de parcerias público-privadas em todo o país, garantindo previsibilidade financeira para concessionárias e municípios.
Qual a importância para os municípios?
A COSIP se tornou fundamental para as administrações locais, especialmente diante da crescente demanda por serviços urbanos de qualidade.
Municípios que criaram a contribuição passaram a contar com receita própria e vinculada, reduzindo a dependência de transferências intergovernamentais e fortalecendo a autonomia financeira. Esse modelo possibilita planejamento de longo prazo e estabilidade orçamentária para o setor de iluminação.
Exemplos como Salvador, São Paulo e Goiânia mostram que a adoção da COSIP e de fundos gestores permitiu não apenas garantir a continuidade dos serviços, mas também viabilizar grandes projetos de modernização.
Salvador, por exemplo, alcançou 100% do parque público em LED, economizando 45% em energia, enquanto Goiânia estruturou uma PPP premiada internacionalmente, unindo iluminação, monitoramento e serviços de cidade inteligente.
Essas experiências evidenciam como a contribuição pode ser instrumento estratégico de gestão pública eficiente, elevando a qualidade dos serviços prestados e ampliando a segurança urbana.
Destinação legal dos recursos da COSIP: manutenção, expansão e modernização
Com a reforma tributária (EC nº 132/2023), o artigo 149-A da Constituição passou a autorizar explicitamente a utilização da COSIP para custeio, expansão e melhoria da iluminação pública, além da instalação de sistemas de monitoramento para segurança e preservação de logradouros públicos.
Essa ampliação consolidou, em nível constitucional, práticas que já vinham sendo validadas pelo STF, como a substituição de luminárias obsoletas por alternativas mais eficientes e o uso de tecnologias inteligentes para gestão da rede.

A legislação e os tribunais de contas reforçam que, embora o escopo tenha se ampliado, a finalidade essencial da COSIP continua sendo a iluminação pública. Assim, projetos de cidades inteligentes e monitoramento urbano só podem receber recursos se não comprometerem a manutenção e a modernização da rede.
Desvios de finalidade podem configurar improbidade administrativa, sujeitando gestores a sanções severas. Portanto, os municípios devem criar mecanismos de controle, preferencialmente por meio de fundos de iluminação pública, para garantir transparência, previsibilidade e segurança jurídica na aplicação dos valores arrecadados.
Projetos comuns financiados com COSIP: LED, telemetria, energia solar
A modernização da iluminação pública vem sendo fortemente impulsionada pela COSIP, permitindo a adoção de tecnologias que reduzem custos, aumentam a eficiência e ampliam a sustentabilidade ambiental. Entre os projetos mais recorrentes destacam-se:
Iluminação LED
A substituição por luminárias LED é hoje o principal destino dos recursos em programas de eficiência energética. Cidades que realizaram a transição, como Salvador e Goiânia, registraram economias superiores a 40% no consumo de energia elétrica, liberando orçamento para novas expansões e manutenção de qualidade.
Telegestão
Outro exemplo relevante é a implantação de sistemas de telemetria e telegestão, que permitem monitorar em tempo real a performance da rede de iluminação.
Com essa tecnologia, o município consegue reduzir desperdícios, detectar falhas com agilidade e até ajustar automaticamente os níveis de luminosidade de acordo com a demanda local. Isso representa economia de recursos e aumento da segurança urbana.

Energia limpa
Decisões como o Acórdão nº 329/2024 do Tribunal de Contas do Paraná validaram o uso da COSIP para usinas de energia solar, desde que destinadas a reduzir custos da iluminação pública. Essa alternativa não apenas promove sustentabilidade energética, como também pode reduzir a alíquota da contribuição no futuro, beneficiando diretamente os contribuintes.
Capacitação das equipes técnicas usando recursos da COSIP
A modernização da iluminação pública exige não apenas tecnologia, mas também quadros técnicos qualificados para gerir contratos, fiscalizar concessões e planejar investimentos. O guia da ABRASI destaca que a formação de equipes municipais é fundamental para evitar desvios e garantir aplicação eficiente da COSIP.
Exemplos recentes mostram o impacto da capacitação. Segundo o secretário Marcus Cavalcanti, mais de dois mil técnicos foram treinados em cursos voltados para PPPs de iluminação, com recursos da Portaria nº 808/2023 do Tesouro Nacional.
Esse tipo de investimento fortalece a gestão municipal, permitindo que os servidores acompanhem de forma crítica contratos de longo prazo e assegurem que a arrecadação seja utilizada corretamente.
Com apoio de fundos específicos, a COSIP pode financiar programas de treinamento, estudos técnicos e desenvolvimento de projetos, criando condições para que os municípios adotem práticas modernas de governança e controlem melhor a execução dos serviços.
Em um cenário em que a iluminação pública se conecta cada vez mais ao conceito de cidades inteligentes, a capacitação contínua das equipes é peça-chave para transformar os recursos arrecadados em resultados efetivos para a população.
Como aplicar os recursos da COSIP para modernizar a iluminação pública municipal

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