O saneamento básico é um dos elementos fundamentais para a promoção da saúde pública. Contudo, especialmente no perímetro urbano, o crescimento populacional e o aumento da atividade econômica agravam os problemas causados ​​pela carência de infraestrutura adequada.

A falta de abastecimento de água, coleta e armazenamento de águas residuais, drenagem de águas pluviais e gestão de resíduos sólidos estão diretamente ligadas ao surgimento e disseminação de doenças, além de ter impacto negativo na vida e no desenvolvimento social das comunidades.

O Cenário Atual do Saneamento no Brasil

De acordo com o Censo Demográfico de 2022, o percentual de domicílios no Brasil com acesso à rede de coleta de esgoto atingiu 62,5%, um aumento em relação aos anos anteriores. No entanto, as diferenças regionais continuam perceptíveis.

Por exemplo, enquanto a região Sudeste apresenta índices mais elevados de cobertura, outras regiões, como o Nordeste, ainda enfrentam desafios consideráveis nesse aspecto. Aproximadamente 32 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável, e cerca de 90 milhões não dispõem de tratamento de esgoto adequado. (SNIS, 2022)

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) mais de 4,2 bilhões de pessoas vivem sem acesso a saneamento básico e cerca de 2 bilhões consomem água contaminada. Dessa forma, é possível afirmar que os serviços de saneamento estão relacionados ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

As regiões apontadas com IDH elevado (IDH > 0,7) apresentam maior cobertura nos sistemas de saneamento básico em comparação às regiões com menor IDH. Veja um exemplo claro dessa situação.

O Distrito Federal (DF) possui o maior IDH brasileiro, chegando a 0.824, seguido de São Paulo (SP) com 0.806 e Santa Catarina (SC) com 0.792. 

Já os estados do Nordeste do país possuem um IDH bem menor, sendo Alagoas (AL) com 0.684 e no fim da lista Maranhão (MA) com 0.676.

A presidente do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, destacou os desafios do saneamento básico no país. Segundo ela, o problema afeta de maneira contundente as jovens famílias brasileiras, muitas das quais vivendo abaixo da linha da pobreza, e que, além de tudo, adoecem mais graças a essa falta de infraestrutura

Essa declaração evidencia que a falta de saneamento está diretamente ligada às desigualdades no país, prejudicando muitas famílias.

Doenças Relacionadas à Falta de Saneamento

A falta de saneamento básico no perímetro urbano está diretamente associada ao aumento de doenças de veiculação hídrica, como diarreia, cólera, esquistossomose, hepatite A e leptospirose. 

De acordo com dados do DataSUS (2022), disponibilizados no Painel Saneamento Brasil, o país registrou mais de 191 mil internações devido a doenças associadas à falta de saneamento, resultando em gastos de quase R$ 88 milhões.

A precariedade dos serviços de saneamento no perímetro urbano, incluindo a falta de infraestrutura para o manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais, facilita a proliferação de doenças ao criar condições propícias para a propagação de vírus e bactérias.

Um exemplo recente é o aumento de surtos de viroses no litoral brasileiro. Essa crise está associada à contaminação da água por esgoto não tratado, o que evidencia a necessidade de investimentos nessa área da saúde pública, principalmente em regiões que recebem milhares de pessoas todos os dias. 

Qual a importância de investir em Saneamento?

Investir em saneamento básico no perímetro urbano não apenas melhora a qualidade de vida da população, mas também gera retornos econômicos significativos. 

O Novo Marco Legal do Saneamento, aprovado em 2020, trouxe expectativas de avanços no setor, com previsão de investimentos de R$ 700 bilhões até 2033. A iniciativa busca ampliar o acesso aos serviços essenciais, estabelecendo a meta de fornecer água potável para 99% da população e garantir que 90% tenha acesso à coleta e ao tratamento de esgoto até o prazo estipulado.

No entanto, para que essas metas sejam alcançadas, é essencial que haja uma gestão eficiente e a participação ativa do setor privado, além de um maior engajamento dos governos estaduais e municipais.

Conclusão

A relação entre saneamento e saúde no perímetro urbano é clara e incontestável. A implementação de políticas públicas eficazes que garantam o acesso universal a serviços de saneamento básico é essencial para prevenir doenças, promover o bem-estar da população e fomentar o desenvolvimento sustentável nas áreas urbanas. Investir em saneamento é investir na saúde e na qualidade de vida de toda a sociedade.