Você já parou para pensar como o design urbano pode influenciar diretamente a qualidade de vida em uma cidade? Enquanto algumas surgem organicamente ao longo do tempo, outras são meticulosamente planejadas desde o início – as famosas cidades planejadas. Mas, afinal, o que diferencia essas cidades? 

Como a organização urbana pode impactar o bem-estar social e a eficiência operacional? Neste artigo, exploraremos os impactos das cidades planejadas, mergulhando em suas características, desafios e benefícios. 

Afinal, viver em uma cidade planejada é antecipar o futuro através de um ambiente estruturado e pensado para beneficiar a população em todos os sentidos.

O que é uma cidade planejada?

Uma cidade planejada é concebida desde o início com um projeto urbanístico cuidadosamente elaborado, visando assegurar um desenvolvimento contínuo e sustentável. 

O diferencial dessas cidades reside na meticulosa organização, que abrange desde o layout das ruas até a distribuição de espaços públicos, visando um funcionamento eficiente a longo prazo.

Apesar de serem habitadas por uma população expressiva, as cidades planejadas conseguem manter um crescimento controlado, em consonância com os planos urbanísticos predefinidos. 

Esse controle é essencial para garantir uma qualidade de vida excepcional aos seus residentes, resultando em ambientes urbanos que primam pela harmonia e eficácia.

O propósito fundamental dessas cidades é oferecer políticas públicas de alta qualidade e eficiência, capazes de atender integralmente às demandas e necessidades urbanas. Este modelo difere substancialmente da realidade observada em muitos municípios ao redor do mundo, onde as cidades não planejadas predominam.

Denominadas também como cidades espontâneas, as não planejadas surgem organicamente ao longo do tempo, muitas vezes nas proximidades de rios e rodovias. Essas localidades, desprovidas de um planejamento urbano estruturado, enfrentam desafios significativos. 

Seu crescimento desordenado frequentemente resulta em problemas graves de infraestrutura, trânsito caótico, questões de segurança e outros dilemas relacionados ao bem-estar social.

Viver em uma cidade planejada, portanto, representa antecipar o futuro por meio de um ambiente cuidadosamente estruturado, concebido para beneficiar a população em todos os aspectos. 

Ao contrário das cidades não planejadas, onde a expansão ocorre de forma descontrolada, as cidades planejadas proporcionam uma experiência urbana mais equilibrada e planejada, refletindo em uma qualidade de vida superior para seus habitantes.

Quais são as principais cidades planejadas do Brasil?

Embora as cidades planejadas não sejam a norma no Brasil, as projeções existentes no país se destacam como referências em organização, desenvolvimento e planejamento urbano, com foco em melhorar a habitabilidade, infraestrutura, mobilidade e serviços públicos. A seguir, listamos sete das principais cidades planejadas do Brasil:

Brasília

Brasília é inquestionavelmente a cidade planejada mais reconhecida do Brasil. Erguida para ser a sede do Governo Federal, seu planejamento é uma peça fundamental na história urbana do país. 

O projeto inicial visava evitar ataques marítimos, afastar possíveis protestos e promover o povoamento e desenvolvimento do interior. No campo da mobilidade urbana, Brasília destaca-se como a cidade mais bem posicionada no centro-oeste, alcançando a 4ª posição no Ranking Geral das Cidades Inteligentes de 2021.

Belo Horizonte

A capital mineira foi a primeira cidade moderna planejada no Brasil, concebida com a visão de uma cidade do futuro. Inspirada em construções francesas, Belo Horizonte possui ruas espaçosas, avenidas diagonais e quarteirões de dimensões regulares, facilitando o fluxo de pessoas e mercadorias. 

Com um crescimento acelerado, a cidade se destaca nas áreas de saúde, tecnologia e inovação.

Palmas

Similar à construção de Brasília, Palmas é a cidade planejada mais recente do Brasil, projetada para abrigar até um milhão de habitantes. Com o intuito de ser multifuncional, a capital de Tocantins é caracterizada por grandes avenidas, marginais, rotatórias e áreas verdes, mantendo assim um crescimento urbano ordenado.

Salvador

Fundada em 1549, Salvador foi a primeira cidade planejada do Brasil, projetada pelo arquiteto Luís Dias para ser a capital do país. No entanto, a administração do Estado transferiu-se para o Rio de Janeiro. Atualmente, a cidade enfrenta desafios sociais devido ao crescimento desordenado que experimentou nas últimas décadas.

Goiânia

Goiânia foi planejada com base no modelo cidade-jardim, idealizado pelo urbanista Ebenezer Howard. As praças, parques e áreas verdes são valorizados e destacados na cidade, que recebeu o título de Capital Verde do Brasil, sendo projetada pelo arquiteto Attilio Corrêa Lima.

Aracaju

Com uma localização estratégica em Sergipe, Aracaju foi construída com a intenção de se tornar a capital do estado. Seu planejamento em forma de tabuleiro de xadrez, realizado pelo engenheiro Sebastião José Basílio Pirro, reflete uma abordagem estruturada para o crescimento urbano.

Teresina

Fundada em 1852, Teresina é uma das cidades mais antigas do Brasil e foi projetada por José Antônio Saraiva e João Isidoro França. Os planejadores preocuparam-se em separar as atividades políticas e econômicas da cidade com a construção do mercado velho entre elas, contribuindo para a organização e eficiência urbana.

Diferenças entre cidades planejadas e cidades inteligentes?

O conceito de smart city está redefinindo a gestão urbana por meio de projetos inovadores que transformam a experiência urbana. Nas cidades inteligentes, a modernização e otimização dos serviços públicos são impulsionadas por tecnologias avançadas.

Entretanto, a distinção entre cidades inteligentes e cidades planejadas reside na abordagem à implementação de recursos e tecnologias no planejamento urbano

Enquanto as cidades planejadas são caracterizadas pelo cuidadoso desenho desde o início, as cidades inteligentes enfatizam a integração de tecnologias para aprimorar a eficiência operacional e a qualidade de vida.

Em outras palavras, uma cidade planejada pode se tornar inteligente por meio da incorporação de projeções, ferramentas, tecnologias e soluções eficientes em seu plano original. Um exemplo emblemático dessa convergência é o projeto pioneiro Smart City Laguna, localizado no Ceará. 

Esta cidade planejada não apenas incorpora os princípios clássicos de uma urbanização cuidadosamente planejada, mas também se destaca por sua inteligência, sustentabilidade e inovação.

A chave para uma cidade planejada se tornar inteligente está na flexibilidade do planejamento original para abraçar as evoluções tecnológicas ao longo do tempo. 

Enquanto as cidades planejadas estabelecem uma base sólida, as cidades inteligentes buscam constantemente aprimorar essa base por meio da integração de soluções tecnológicas para enfrentar os desafios urbanos contemporâneos. 

Assim, a complementaridade entre esses dois conceitos delineia o futuro de centros urbanos que são ao mesmo tempo bem planejados e tecnologicamente avançados.

Conclusão

Ao longo deste artigo, mergulhamos nas nuances das cidades planejadas, explorando seu papel crucial na formação de ambientes urbanos harmoniosos e eficientes. A diferença marcante entre essas cidades meticulosamente desenhadas desde o início e as cidades que evoluem organicamente ao longo do tempo é evidente.

O impacto positivo das cidades planejadas na qualidade de vida dos residentes é tangível, contrastando com os desafios enfrentados por cidades não planejadas, cujo crescimento desordenado resulta em complexos dilemas sociais e infraestruturais.

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