Embora o saneamento e saúde sejam essenciais para a sobrevivência humana, os desafios são constantes em virtude da má distribuição dos recursos e ineficiência dos serviços prestados. Inclusive, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 06, que visa alcançar o acesso universal e equitativo à água e saneamento, requer atenção máxima do poder público.

Isso porque, as oitos metas que englobam o objetivo estão estagnadas, ameaçadas e em fase de retrocesso. Ou seja, o Brasil não apresentou nenhum progresso satisfatório – sendo esta a classificação com maior chance das metas serem atingidas ao final da Agenda 2030. E os desafios não param por aqui.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) mais de 4,2 bilhões de pessoas vivem sem acesso a saneamento básico e cerca de 2 bilhões consomem água contaminada. Dessa forma, é possível afirmar que os serviços de saneamento estão relacionados ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

As regiões apontadas com IDH elevado (IDH > 0,7) apresentam maior cobertura nos sistemas de saneamento básico em comparação às regiões com menor IDH. Veja um exemplo claro dessa situação.

A região Sudeste tem 58,6% de esgoto tratado e seu IDH é de 0,794. Por outro lado, a região Nordeste possui apenas 34,1% do esgoto tratado e IDH de 0,608%.

Para Claudio Maierovitch, sanitarista na Fiocruz Brasília, é inaceitável que um país como o Brasil, com a sua dimensão econômica e recursos naturais, não consiga levar as condições mínimas de habitabilidade e saneamento para a população.

Acompanhe a leitura para saber mais sobre a temática!

Problemas recorrentes no setor de saneamento e saúde

O saneamento é mais que um serviço básico, é também uma ferramenta de saúde preventiva e indispensável para o combate de doenças. Inclusive, a falta de políticas públicas no ciclo de saneamento faz com que 700 crianças abaixo de cinco anos de idade venham a óbito diariamente, segundo a ONU. 

Além disso, os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 10% das doenças registradas mundialmente poderiam ser evitadas com investimentos para a ampliação do acesso à água, higiene e saneamento básico

Isso se justifica, porque a cada US$ 1 investido em saneamento, estima-se um retorno de quase seis vezes, considerando menores custos com saúde e redução de mortes prematuras.

De fato, há uma correlação entre saneamento e saúde nos enfrentamento de doenças no país. Confira abaixo quais são elas e porque são um sinal de alerta.

Doença de veiculação hídrica 

Doenças como diarreia, malária, cólera, esquistossomose e leptospirose, são algumas das doenças de veiculação hídrica causadas pela ausência de saneamento básico e consumo de água imprópria.

Segundo o DataSUS, em 2019, foram registradas 273 mil internações por doenças de veiculação hídrica que resultaram em 2.734 óbitos. No âmbito econômico, as doenças geraram gastos de R$108 milhões ao país.

Os dados apontam que o Maranhão é o estado com maior número de casos, sendo 54,4 internados a cada 10 mil habitantes. No entanto, é importante ressaltar que este impacto está atrelado ao baixo índice de saneamento na região. 

Em contrapartida, o estado do Rio de Janeiro com alto índice de saneamento, foi o que menos apresentou internações de veiculação hídrica – 2,84 a cada 10 mil habitantes

Diante dos dados apresentados, enquanto os indicadores de saneamento e saúde não avançarem no país, doenças de veiculação hídrica serão recorrentes. Ou seja, com baixa perspectiva de erradicação. 

Dengue

O déficit na oferta dos serviços de saneamento é um dos responsáveis pelo alastramento de epidemias de dengue no país. Uma vez que ambientes não saneados e em situações precárias favorecem a proliferação dos criadouros.

A defasagem do Estado com a ausência de sistema de água encanada, tratamento de esgoto, drenagem de água e coleta de resíduos facilita a desova e, consequentemente, o contágio. 

A incidência global da dengue segue em alerta. Aproximadamente metade da população mundial está em risco de contrair a doença. Dados do Ministério da Saúde revelam que o país registrou mais de 540 mil infecções de dengue. Entretanto, ainda que as estatísticas sejam alarmantes, esse número representa uma queda de 42,6% em relação aos anos anteriores.

Há décadas o Brasil vem sofrendo com a complexidade e os desafios causados pela dengue. Portanto, adotar políticas públicas e investir saneamento, são ações básicas para o combate e prevenção da doença.

Covid-19

Segundo a OMS, cerca de 1,8 bilhões de pessoas estão sob maior risco de contrair o coronavírus que em qualquer lugar do mundo, devido à falta de saneamento e saúde.

Diante das recomendações de higienização e limpeza constante, a falta de saneamento influencia diretamente na disseminação e gravidade da doença

Reflexo disso está na proporção de infectados. Na região Norte, o número de casos é 20 vezes maior em comparação a região do Sul, segundo o Trata Brasil.

Em contrapartida, a pandemia alavancou discussões sobre saneamento e saúde no país. Um exemplo claro diz respeito aos investimentos no processo de universalização e que interferem, de forma positiva, na prevenção do coronavírus. 

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Neste blogpost, você acompanhou os desafios e impactos causados pela falta de recursos voltadas à saneamento e saúde, por consequência.

Contudo, é preciso insistir e ressaltar que além do saneamento ser um direito, é também a união entre saúde e políticas públicas e apenas com investimentos frequentes em toda a cadeia que a população terá mais segurança nas regiões que habitam, sejam no perímetro urbano ou regiões mais afastadas.

Continue bem informado: Clique aqui e saiba qual a diferença entre saneamento básico e ambiental. Boa leitura!