O saneamento básico é um assunto de conhecimento geral, mas você já ouviu falar de saneamento ambiental

Você pode não saber, mas o saneamento ambiental é um serviço essencial para o desenvolvimento urbano ao impactar diretamente na sociedade. 

Por esse motivo, o serviço deve ser uma pauta tanto da população, quanto da gestão pública!

Neste blogpost apresentamos algumas informações como o conceito, as diferenças entre os dois modelos de saneamento, o impacto na qualidade de vida a situação desses projetos no Brasil.

Continue com a gente!

O que é saneamento ambiental?

O conceito de saneamento ambiental não é tão conhecido, mas assim como o saneamento básico, tem grande importância no cenário urbano atual

De forma sucinta, o saneamento ambiental é um processo de políticas de controle ambiental.

Ou seja, visa garantir a sustentabilidade e qualidade dos recursos naturais, a fim de amenizar os impactos negativos no meio ambiente e solucionar problemas de infraestrutura nas cidades. O objetivo final é, além de tudo, melhorar a qualidade de vida da população.

As ações incluem medidas de controle ambiental para a preservação da qualidade da água, abastecimento da água potável, gestão de resíduos sólidos, manejo e drenagem de águas pluviais e esgotamento sanitário.

Mas qual a diferença entre saneamento ambiental e o básico?

O saneamento básico foca em apenas quatro pilares: abastecimento de água tratada, drenagem de águas pluviais, controle de resíduos sólidos e tratamento do esgoto

Em outras palavras, o saneamento básico engloba os quatro serviços focados em gerenciar e limpar uma cidade.

Já o saneamento ambiental é uma extensão desses serviços básicos e tem um propósito mais abrangente que envolve a preservação ambiental e outros temas sociais.

Entre os serviços estão: a qualidade geral das águas, dos solos, do ar, destinação correta de resíduos, dentre outros.

Além disso, o saneamento ambiental engloba atividades como abastecimento de água, contenção de enchentes, tratamento de esgoto, coleta e manejo de resíduos sólidos, controle de poluição ambiental e drenagem urbana.

Na prática, é um conjunto de políticas de controle ambiental que visa solucionar problemas de infraestrutura nas cidades ao buscar o equilíbrio da qualidade ambiental.

Qual a importância do saneamento ambiental?

O objetivo desse controle é promover melhores condições na qualidade de vida para a população, melhorias na saúde pública e contribuir para a preservação do meio ambiente.

Há muito tempo, a sociedade conviveu com doenças como cólera, tifo, peste bubônica e disenteria, que eram disseminadas devido à falta de higiene e pelo contato com organismos patógenos (como bactérias e vírus, que têm a capacidade de causar doenças em seres vivos).

A forma como os resíduos sólidos eram e ainda são descartados de maneira desordenada, favorece a criação e desenvolvimento de patógenos. 

Esses microrganismos se hospedam em animais como ratos e mosquitos, e também podem ser provenientes de lixo ou esgoto inadequadamente gerenciados.

Além das mortes, doenças vinculadas à falta de saneamento implicam em outros pontos, como:

  • Perda de produtividade laboral;
  • Prejuízo econômico;
  • Prejuízo cognitivo;
  • Sequelas a longo prazo.

O saneamento ambiental desempenha um papel importante na prevenção e controle dessas doenças, através de ações e políticas públicas de saneamento. 

Sem dúvidas, isso reduz a disseminação de patógenos e minimiza o número de doenças relacionadas à falta de saneamento –  impactando na saúde e bem-estar da população.

Como funciona o saneamento ambiental na prática?

É importante frisar: o saneamento ambiental funciona por processos

Os processos começam a partir do planejamento, identificando as necessidades do local. Então, é feito o diagnóstico, que consiste na análise das condições do ambiente e dos problemas existentes.

Por fim, são implementadas ações como construção de redes de abastecimento de água e sistema de tratamento de esgoto. Confira abaixo mais detalhes!

Abastecimento de água potável

Para obter uma melhor qualidade de vida, é preciso garantir o acesso à água limpa e segura para consumo, através das seguintes etapas:

Captação

A água é coletada de fontes naturais, como rios ou lagos, através de equipamentos e estruturas como represas.

Tratamento 

Essa água coletada é tratada por processos que incluem filtração, desinfecção e remoção de impurezas.

Distribuição

Após ser tratada, a água é encaminhada para armazenamentos em reservatórios e é distribuída pelas adutoras — redes de abastecimento e distribuição, prontas para serem consumidas, atendendo a população. 

Todo esse processo é fundamental para garantir o atendimento das necessidades básicas, como saúde e higiene.

Entretanto, ainda há uma defasagem no setor, visto que, o estudo do Instituto Trata Brasil revela que 84,2% dos brasileiros são abastecidos com água tratada, deixando uma parte da população sem acesso.

Esgotamento sanitário

Essa ação consiste na adequação de processos de afastamento, transporte, tratamento e destinação final dos esgotos – evitando a poluição da água e prevenindo doenças.

Para implementar um sistema de tratamento de esgoto, o primeiro passo é realizar um diagnóstico para analisar as condições do ambiente

Nesta etapa, são identificadas áreas que necessitam da implantação e os proprietários que serão afetados, para regularização desses ambientes. 

Após as etapas, as obras são iniciadas com o intuito de remover os poluentes

O esgoto é coletado e o efluente é direcionado ao tratamento, a fim de separar os sólidos e realizar o tratamento biológico e a desinfecção. Assim, há adequação no lançamento do esgoto tratado em corpos hídricos, no padrão estabelecido pela legislação.

Manejo e drenagem de águas pluviais

O manejo e drenagem de águas pluviais consistem no controle e no direcionamento adequado das águas provenientes de chuva

Esse recurso é essencial para prevenir enchentes, alagamentos e degradação de recursos hídricos. Entre os  principais objetivos são:

  • Assegurar trânsito de pedestres e veículos;
  • Controle de erosões;
  • Proteger propriedades localizadas em áreas sujeitas a inundações;
  • Proteger vias públicas.

As medidas para realizar o manejo e drenagem de águas pluviais podem ser divididas em extensivas e intensivas. Confira a seguir!

Extensivas

São medidas de intervenções na bacia para controle de erosão, já que o aumento da erosão implica no aumento de transporte de sedimentos e contaminação.

Além disso, a técnica conta com o reflorestamento. Ou seja, as raízes das plantas auxiliam no processo de fixação do solo para estabilizar as margens e o controle da erosão – reduzindo significativamente os impactos das inundações.

Intensivas

São medidas de natureza previamente hidráulica com interceptação ambiental, sendo este, altamente eficiente para catástrofes ambientais.

Nessa medida, são utilizados os diques. O que nada mais é do que muros laterais de terra ou concreto construídos de forma paralela ao leito do rio.

 Na prática, a técnica impede alagamento em casos de chuvas intensas em que o nível da água aumenta.

Gestão de resíduos sólidos

A gestão de resíduos sólidos são ações que buscam encontrar soluções adequadas para lidar com o lixo de forma sustentável, levando em consideração questões políticas, econômicas, ambientais, culturais e sociais.

Isso porque, no Brasil, cada pessoa produz por ano uma média de 381kg de lixo — totalizando 81 milhões de toneladas, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). 

Contudo, quando esses materiais são descartados corretamente, inicia-se um novo processo de coleta. Saiba detalhes a seguir: 

Coleta

Por mais que a coleta seletiva seja a mais adequada para a gestão e sustentabilidade das cidades, ainda é comum que muitos municípios tenham como única alternativa, a coleta mista.

Ou seja, onde todos os resíduos são coletados simultaneamente para um ambiente específico. Isso é um fator preocupante que exige mudanças urgentes. A coleta seletiva é uma solução para enfrentar esse desafio e trazer benefícios para a sociedade.

Transporte 

Após a coleta, os resíduos são transportados para locais específicos, como centrais de triagem, unidades de reciclagem, aterros sanitários ou incineradores.

Separação

Os resíduos são separados de acordo com suas características e o processo pode ser feito tanto manualmente quanto por máquinas e outras tecnologias.

Nessa etapa, os materiais recicláveis são separados dos demais resíduos, conforme a sua classificação.

Tratamento 

O tratamento é uma fase extremamente importante para o gerenciamento adequado de resíduos

Por esse motivo, pode incluir a incineração de resíduos não recicláveis, ou processos biológicos, como a compostagem, que transforma resíduos orgânicos em adubo.

Destinação final 

Os resíduos aqui são descartados conforme a natureza e suas características

Os materiais recicláveis são encaminhados para unidades de reciclagem. Já os resíduos não recicláveis podem ser destinados a aterros sanitários, onde são dispostos de forma segura, evitando a contaminação do solo e da água.

Como o saneamento ambiental impacta questões socioeconômicas?

Você pode não saber, mas o saneamento ambiental é extremamente importante para as questões socioeconômicas de uma região. 

Confira abaixo quais são eles e porque merecem atenção especial!

Saúde

A propagação de doenças é um dos principais problemas urbanos sociais. E sem dúvidas, pode ser reduzido com os esforços de saneamento ambiental. Exemplo disso, é o tratamento do esgoto que minimiza o contato da população com micro-organismos que causam doenças.

Os dados do Trata Brasil, apontam que cerca de 130 mil hospitalizações foram registradas no país devido às doenças de veiculação hídrica. Isso representa uma incidência de 6,04 casos por 10 mil habitantes.

Além disso, as doenças diarreicas provocam cerca de 10% de todas as mortes de crianças de até 5 anos, segundo o Ministério da Saúde

A redução dos ambientes com água parada onde os mosquitos se reproduzem diminui os riscos da propagação de muitas doenças como dengue, Zika, Chikungunya e outras enfermidades que afetam diretamente a saúde da população em áreas com baixa infraestrutura.

As enchentes nos centros urbanos mais vulneráveis são um problema recorrente e podem ser evitados nos municípios que prezam pela manutenção da infraestrutura de galerias pluviais e redes de esgoto. 

Economia

Na economia, o maior impacto se dá pelo afastamento dos trabalhadores devido aos internamentos. O mercado é afetado pela ausência dos trabalhadores e o SUS arca com os gastos de tratar os pacientes.

Com os investimentos adequados, a melhoria dos serviços de água, esgoto e controle de lixo é capaz de reduzir o número de internações e consequentemente, o número de gastos, podendo direcionar os recursos para outras demandas na saúde e economia.

A implantação de melhorias urbanas, como um Sistema de Esgotamento Sanitário torna o município mais atrativo e promove uma urbanização mais adequada.

Educação

Por incrível que pareça, o saneamento ambiental interfere diretamente na educação. 

Dados alarmantes da ONU mostram que cerca de um terço das escolas em todo o mundo não têm acesso a água potável e serviços básicos de saneamento, impactando mais de meio bilhão de estudantes.

No Brasil, a realidade também é preocupante. Esse número chega a, pelo menos, 14,7 milhões de estudantes enfrentando a falta de serviços básicos de saneamento ambiental, segundo o Censo Escolar de 2021. 

A falta de saneamento pode levar a problemas de saúde, prejudicando o bem-estar dos alunos e impactando em seu rendimento escolar. 

Em contrapartida, a melhoria desse serviço é capaz de aumentar a frequência escolar e o desempenho dos estudantes.

Qual o cenário do saneamento ambiental no Brasil?

No Brasil, o saneamento é considerado um direito básico a todo cidadão, segundo a Lei n° 11.445/2007 da Constituição. O conjunto de serviços deve ser garantido para todos os indivíduos.

Desde 2007, o país conta com o Plano Nacional de Saneamento Básico (PNSB), que tem como principal objetivo alcançar o acesso universal à água potável até 2030.  

No entanto, um levantamento de 2023 mostra que 100 milhões de pessoas não têm rede de esgoto e falta água potável para 35 milhões.

Além disso, apenas 50,3% do esgoto é efetivamente tratado no país, o que revela a necessidade de avanços nessa área.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em 2011, para que essas metas sejam alcançadas, é de extrema importância contar com um planejamento urbano eficiente.

Para isso, existem órgãos que desempenham funções regulatórias no país, a fim de tornar o serviço cada vez mais acessível a todos. A Secretaria Nacional de Saneamento é um deles, sendo responsável por conduzir diversas ações em todo o território nacional.

Há também o SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), um sistema administrado pela Secretaria Nacional de Saneamento que todo ano conduz pesquisas de diagnóstico de serviço referentes a três áreas importantes: água e esgoto, águas pluviais e resíduos sólidos. Saiba mais abaixo!

Água e Esgoto

Quando se trata do fornecimento de água potável nas áreas urbanas, o número é superior em relação às outras regiões, atingindo 93,5%.

No que diz respeito a esgotamento sanitário, a extensão das redes públicas é de aproximadamente 365 mil km e conta com 36,4 milhões de ligações diretas de esgoto

Dessa forma, o volume coletado por ano chega a marca de 6 bilhões de m³, enquanto o volume tratado é de apenas 4,9 bilhões de m³. 

Entretanto, a população atendida com rede pública coletora de esgoto é de 117,3 milhões de habitantes e o índice de tratamento de esgoto total é de 51,2%. No atual contexto, fica claro a necessidade de melhorias na coleta e tratamento de esgoto.

Águas Pluviais

O tratamento das águas pluviais é uma questão que muitas vezes acaba se tornando secundária para os gestores públicos, porém ainda sim tem uma importância essencial. 

Os dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, informam que apenas 66,2% dos municípios não possuem mapeamento de áreas de risco de inundação

Além disso, os intensos eventos hidrológicos resultaram em 319.309 pessoas desabrigadas ou desalojadas nas áreas urbanas dos municípios.

Diante desses dados podemos constatar que, apesar de providências já estarem sendo tomadas, ainda há um longo caminho para que esse problema se torne cada vez menos recorrente.

Resíduos Sólidos

Como falamos anteriormente, a gestão dos resíduos sólidos no Brasil continua sendo um desafio, devido à grande quantidade de lixo produzido por ano, totalizando 381kg por habitante.

Isso equivale a 85,2 milhões de carros populares empilhados — se estivessem enfileirados, dariam a volta no planeta 7,6 vezes. 

Além disso, cerca de 40% desse lixo são destinados a aterros controlados ou lixões a céu aberto, locais inadequados para a destinação ambientalmente segura.

E ainda: o Brasil é um dos países com baixo engajamento no processo de reciclagem, apenas 4% dos resíduos coletados no país passam por esse processo, segundo a Abrelpe.

Qual o impacto da tecnologia no saneamento ambiental?

A tecnologia desempenha um papel fundamental no setor de saneamento. Ela pode trazer benefícios significativos para o planejamento, operação e gestão de sistemas hídricos.

Existem softwares que contam com funcionalidades de mapa hidrológico, que permite visualizar e acessar informações sobre cada ponto de coleta de amostras de água, para assim monitorar os resultados ao longo do tempo.

Com a tecnologia, por exemplo, é possível identificar possíveis contaminações e tomar decisões mais rápidas e assertivas, evitando futuros problemas ao meio ambiente e a população como um todo.

Do mesmo modo, garantir o controle e qualidade hídrica, é apenas uma das diversas soluções para atingir a meta de universalização do saneamento ambiental.

Conclusão

O saneamento é um assunto que deve ser debatido em todos os municípios, já que possui impacto direto na vida das pessoas. 

Com o desenvolvimento de novas tecnologias, a tendência é que soluções inteligentes e eficientes sejam desenvolvidas. Assim, mesmo locais com investimentos menores podem oferecer qualidade de vida para a população.

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