Não é novidade que as cidades estão se transformando. A gestão de resíduos acompanha essa transformação!
As chamadas cidades inteligentes trazem um novo conceito ao meio urbano, criando e desenvolvendo diferentes práticas capazes de melhorar o estilo de vida da população, principalmente as que vivem em grandes centros.
Essas práticas não estão ligadas somente às questões de inovação e tecnologia, mas também a necessidade iminente de repensar o atual cenário e buscar soluções eficientes para tratar o grave problema da destinação inadequada dos resíduos urbanos.
Veja a seguir os motivos pelos quais se faz necessário definir estratégias, ações e procedimentos que busquem o desenvolvimento sustentável a partir da gestão de resíduos.
O que são resíduos e quais seus impactos?
Os resíduos são definidos como todo material, substância, atividade e objeto descartado resultante de atividades humanas. Os mesmos podem ser reutilizados, reciclados e separados para viabilizar a destinação ambientalmente correta.
Existem diferentes tipos de resíduos e eles devem ser classificados de acordo com a origem, composição, periculosidade e potenciais riscos que interferem na saúde humana e potencializam a degradação ambiental.
Exemplo disso são os resíduos sólidos urbanos, identificados como domiciliares. Além de outros como comerciais, industriais, hospitalares, agrícolas, eletrônicos e recicláveis.
Contudo, o alto consumo de produtos e materiais somado ao descarte inadequado, tem elevado o acúmulo de resíduos produzidos na maior parte dos centros urbanos. Na prática, esses problemas causam graves consequências ambientais, sociais e sanitárias, como: inutilização do solo, contaminação hídrica e proliferação de epidemias.
Entre os impactos financeiros, os dados governamentais brasileiros apontam que o país perde cerca de 8 bilhões de reais por ano ao descartar materiais recicláveis no lixão.
Em contrapartida, esses são recursos que poderiam ser reinvestidos na coleta e tratamento de resíduos, promovendo avanços significativos na gestão de resíduos.
Afinal, o que é gestão de resíduos?
Ainda que a ONU declare que ter o meio ambiente limpo, saudável e sustentável seja um direito humano, a gestão inadequada dos resíduos representa uma das maiores ameaças à biodiversidade, meio ambiente e saúde pública – afetando bilhões de pessoas ao redor do mundo.
Segundo o relatório What a Waste 2.0, são produzidos anualmente cerca de 2 bilhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos no mundo. E quase metade desse lixo é gerado por 30 países, sobretudo, os mais ricos.
No Brasil, a maneira como o país lida com a geração e descarte de resíduos é considerado um dos grandes problemas urbanos e exige mudanças de extrema urgência. Exemplo disso é a gestão de resíduos.
A intenção base por detrás da gestão de resíduos é adotar soluções para todo e qualquer problema causado pelo impacto do lixo urbano, de modo que atenda e cumpra todas as exigências ambientais de cada município.
Dessa forma, a gestão de resíduos firma um conjunto de práticas e ações sustentáveis nas etapas de coleta, armazenamento, transporte, tratamento, destinação final e disposição final dos resíduos – certificando que à saúde pública e meio ambiente sejam altamente preservados.
O que é determinado por lei?
Já se sabe que os impactos da má gestão de resíduos nos centros urbanos causam reflexos por centenas de anos. Inclusive, a ONU prevê um aumento de 350% na geração de resíduos urbanos até 2050 caso não ocorra uma mudança nos padrões atuais de gestão e fiscalização.
Entretanto, para lidar e gerenciar a intensa quantidade de resíduos produzidos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), é mais do que uma base, é a principal lei para abrir portas para uma gestão completa. Confira a seguir!
Política Nacional de Resíduos Sólidos
Desde 1981 o Brasil dispõe de uma legislação voltada à proteção do meio ambiente. De lá para cá, outras leis foram debatidas e desenvolvidas considerando os temas emergentes e as necessidades de cada época.
A mais marcante é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída a partir da Lei Federal nº12.305, em 2010. Nela, exige-se que a União, Estados e Municípios promovam ações, procedimentos e meios para viabilizar coleta e destinação corretas à todos os materiais descartados pela população, empresas e órgãos públicos.
Além disso, apresentou uma novidade ao país: a logística reversa dos resíduos.
Essa norma atua como instrumento do desenvolvimento econômico e social, uma vez que sua aplicação atribui a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial. Seja para reaproveitamento, inserção em outros ciclos produtivos ou destinação final, desde que ambientalmente adequada.
Na prática, isso significa que cada instituição torna-se responsável pelo que produz, desde a produção até a etapa final do ciclo de vida de cada item.
Entretanto, todos os marcos regulatórios não são eficientes se pensados isoladamente. Ou seja, é preciso considerar o consumo consciente, o descarte correto, a coleta nas cidades e a implementação de tecnologias na gestão de resíduos.
Qual o objetivo da gestão de resíduos?
Além de cumprir as regulamentações e diretrizes da PNRS, é fundamental que todos tenham conhecimento sobre a importância da gestão de resíduos, para que as práticas tenham seu objetivo final atingido com sucesso: minimizar os impactos negativos no meio ambiente e centros urbanos.
Acompanhe a leitura para saber mais sobre a temática!
Uma questão de saúde pública
Se os impactos ambientais, por si só, ainda não te convenceram da necessidade em mudar determinados hábitos, trouxemos outro motivo para te fazer repensar: a saúde pública.
Todas as fases do ciclo de vida dos resíduos podem, de alguma forma, afetar a vida da população, principalmente as residentes nos grandes centros urbanos. De que forma?
Causando enchentes, impedindo que o sistema de drenagem funcione adequadamente; atraindo e favorecendo a proliferação de vetores e transmissores de doenças graves.
Por essa razão, novas práticas de coleta e reutilização vem sendo implementadas gradativamente como alternativas para a gestão de resíduos dentro dos centros urbanos.
Coleta Seletiva
Considerando que os serviços básicos de coleta de resíduos disponibilizados pelas prefeituras não são capazes de suprir as demandas da sociedade, a PNRS determina que cooperativas sejam criadas para que auxiliem na coleta de materiais com potencialidade de reciclagem. Por exemplo: plástico, papelão, metal e alumínio.
Embora não esteja presente na maioria das cidades brasileiras, a prática da Coleta Seletiva é uma alternativa ecologicamente correta.
Além disso, a coleta seletiva possibilita a inclusão social de uma parcela significativa da população, gerando renda e melhoria na qualidade de vida para os trabalhadores vinculados à organização.
Economia circular
Se você já utilizou mobília antiga na decoração de casa vai entender o que é a chamada economia circular e o conceito de Upcycling, surgido no ano de 1994. Ambos possuem a mesma essência: a reutilização inteligente de materiais cuja vida útil esteja próxima do fim.
Com muita criatividade e técnicas variadas, é possível fabricar produtos novos a partir de uma base antiga. Dessa forma, o mesmo material descartado corretamente, pode servir como itens de decoração para casa, jardins, funcionalidades, entre outros.
Exemplos práticos utilizados em cidades inteligentes
Em 2015, a ideia de transformação foi incorporada às demais práticas sustentáveis existentes em Curitiba.
A capital paranaense, considerada uma das cidades mais inteligentes do país, implantou as chamadas “Estações de Sustentabilidade”, que nada mais são do que contêineres marítimos inutilizados adaptados para receber recicláveis.
Esses materiais eram levados de forma voluntária pela população do entorno, justamente para torná-los responsáveis pela separação do lixo e induzi-los a repensar na produção de resíduos.
Ao mesmo tempo em que a população adquire maior consciência sobre o consumo e descarte, a coleta desses materiais era facilitada. Dessa forma, otimiza-se o trabalho dos caminhões responsáveis pela coleta e transporte até as unidades de reciclagem.
Como os cidadãos podem ajudar?
Se por um lado grande parte da população ainda não é engajada na causa da destinação correta dos resíduos, a menor a faz de modo incorreto.
Por esse motivo, criamos um passo a passo para você começar a mudar seus hábitos e contribuir na gestão dos resíduos sólidos da sua cidade.
Pare e pense: é realmente necessário adquirir determinado produto? Quais impactos que ele pode causar após ser utilizado? Se não tiver outra opção, pode partir para o passo 2.
- Entenda: há duas categorias de resíduos, os orgânicos e os recicláveis. Eles não devem ser depositados no mesmo recipiente. Por isso, SE-PA-RE.
- Higienização: para os recicláveis é aconselhável remover qualquer tipo de resíduo das embalagens utilizando água e sabão. Dessa forma, você facilita o processo de reciclagem e reaproveitamento no centro de triagem.
- Descarte corretamente: após alocados em seus respectivos sacos de lixo, mantenha-os em locais secos até o dia de coleta.
- Tenha empatia: deixe os sacos de lixo em locais de fácil acesso aos coletores. Dessa forma, acidentes e transtornos podem ser evitados, agilizando o trabalho desses profissionais por toda a cidade.
Quais as vantagens da gestão de resíduos?
A gestão de resíduos é de responsabilidade e interesse de todos. Existem várias vantagens para as organizações e gestores públicos que se propõem a fazer parte do desenvolvimento sustentável.
Confira a seguir quais são elas e por que você deve adotar essa prática hoje mesmo!
Redução de custos e desperdícios
A gestão de resíduos gera economia aos cofres públicos ao poupar recursos destinados para questões ambientais e sociais. Estudos da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA) apontam que em municípios com mais de 1 milhão de habitantes, é possível economizar cerca de R$72 bilhões em saúde pública em um período de 30 anos com a gestão de resíduos.
Entretanto, ao analisar os impactos de curto e médio prazo, as cidades podem reduzir custos e diminuir desperdícios com: lixões, aterros, coletas, tratamentos de doenças e consumo de energia.
Além disso, é possível fomentar a economia energética, incentivar o desenvolvimento de cooperativas e gerar renda com a venda de materiais recicláveis.
Multas e autuações evitadas
Como falamos anteriormente, a gestão de resíduos ambientalmente correta é lei. E sem dúvidas, estar de acordo com a legislação é algo indiscutível para que cidades cumpram com o seu papel dentro de uma sociedade.
É importante ressaltar que evitar multas e autuações não é apenas uma vantagem, mas principalmente, uma obrigação. Dessa forma, é imprescindível combater os crimes ambientais através da conscientização e fiscalização de organizações e dos próprios cidadãos.
Na cidade de Porto Alegre, o Código Municipal de Limpeza Urbana aplicou penalidades mais severas no descarte irregular de resíduos. Em oito anos, foram mais de R$9 milhões em multas ambientais voltadas à limpeza urbana.
Ganhos com limpeza que evitam doenças
Você sabia que a gestão de resíduos tem tudo a ver com o planejamento urbano e ambiental?
As técnicas, diretrizes, procedimentos e tecnologias inteligentes aplicadas em todo ciclo de gerenciamento, contribuem diretamente para a limpeza e organização das cidades.
Um exemplo prático nos centros urbanos são os serviços de zeladoria urbana, que evitam a proliferação de vetores, acúmulo de resíduos e ainda, reduzem o mau cheiro nos espaços públicos.
Entre os serviços de limpeza urbana que se destacam nesse cenário estão:
- Coleta de lixo;
- Manutenção de praças;
- Limpeza de feiras e praias;
- Varrição de ruas;
- Capinação e roçadas;
- Raspagem de sarjetas;
- Desobstrução de boca de lobo.
Gestão otimizada e mais eficiente
O uso de tecnologias inteligentes na gestão de resíduos está transformando cidades e serviços operacionais.
Com sistemas de gestão automatizados, todo ciclo de gerenciamento de limpeza urbana pode ser monitorado. Dessa forma, processos são otimizados e oportunidades são identificadas – elevando a qualidade e produtividade das equipes em suas atividades.
Cidades que otimizam a gestão de resíduos com tecnologias, aliam a sustentabilidade e a conectividade para tornar o ambiente urbano, um espaço melhor.
Reconhecimento urbano
As cidades que cumprem normas de proteção ambiental, adotam boas práticas e iniciativas sustentáveis que visam a solução ambientalmente correta, são destaque em diversas esferas da gestão pública.
Florianópolis é um grande exemplo. Além de ser uma das mais inteligentes e conectadas do Brasil, a cidade catarinense possui alto desempenho sustentável e tornou-se a capital que mais recicla no país.
De acordo com a prefeitura, cerca de 9 mil caminhões compactadores deixaram de ir para o aterro sanitário. E somente em 2021, foram recuperados mais de 18 mil toneladas de resíduos pela coleta seletiva e a meta é quintuplicar essa quantidade até 2030.
Como fazer a gestão de resíduos?
O primeiro passo para que as cidades realizem a gestão de resíduos de forma eficiente é elaborando e aplicando o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). Além de cumprir corretamente com a legislação brasileira.
No segundo passo, os gestores responsáveis devem organizar e identificar todas as demandas socioambientais da cidade. Isso porque, o porte de cada município é condizente com as suas necessidades.
Por fim, ter o controle de todo processo de gestão operacional é fundamental. Dessa forma, softwares de gestão de resíduos se tornam cada vez mais presentes no ambiente urbano.
Com a implementação de sistemas, é possível acompanhar em tempo real rotas de coleta, cadastro de lixeiras, serviços executados, equipes em campo e registros de atividades de forma totalmente automatizada e simplificada.
O cenário tecnológico impulsiona o desenvolvimento de cidades sustentáveis e inteligentes e consequentemente, beneficia toda a sociedade.
Conclusão
A gestão de resíduos é uma temática relevante aqui no Blog da Exati, porque sabemos que os desafios são constantes e que as necessidades devem ser supridas com urgência.
Por esse motivo, apostamos na tecnologia para solucionar esses problemas e transformar a gestão operacional das cidades.
Quer saber mais sobre o nosso papel na gestão de resíduos e em outras demandas urbanas? Acompanhe o nosso blog!
Exati
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