Em um país com áreas cada vez menos rurais e mais urbanas, como o Brasil, as consequências da falta de planejamento urbano estão ocasionando sérios problemas para a gestão pública e também, ambiental.
Pensar estrategicamente e ecologicamente o processo de urbanização, é uma forma de garantir mais qualidade de vida à população, além de contribuir para a preservação do meio ambiente.
Mas como isso é possível devido às consequências da falta de planejamento urbano? É o que você vai descobrir ao longo do conteúdo. Boa leitura!
O que é planejamento urbano?
A partir de 1970, o planejamento urbano passou a ser uma pauta extremamente importante para os gestores públicos quando crescimento acelerado inverteu a distribuição populacional no território nacional.
Desde então, a população urbana passa a ser predominante em todo o país. Atualmente, quase 85% dos brasileiros vivem em centros urbanos, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Contudo, os efeitos da urbanização e o crescimento desenfreado das cidades, continuam acarretando em inúmeros problemas. Exemplo disso é a má gestão, falta infraestrutura e qualidade de vida.
Mas para amenizar e até mesmo reverter esse cenário, as regulamentações, normas e soluções do planejamento urbano quando bem aplicadas, transformam o desenvolvimento das cidades e diminuem significativamente os problemas da urbanização.
Portanto, o planejamento urbano é o ponto central para a tomada de decisões que visam impactar o presente e futuro das cidades do século XXI. Na prática, o plano prevê ações estratégicas que promovam a sustentabilidade e habitabilidade, conforme as necessidades e particularidades de cada município.
Quais são os problemas urbanos?
Não há dúvidas que os problemas urbanos são consequências do processo de urbanização ocorridos de forma desproporcional em todo o mundo.
Um exemplo clássico, é a América Latina. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a região latino-americana é a mais urbanizada e desigual de todo o planeta.
Isso porque, em muitos países, o crescimento exponencial da população não acompanhou ou prolongou os investimentos de infraestrutura, habitação e meio ambiente – impactando diretamente nas necessidades urbanas.
Por esse motivo, os distintos processos de urbanização apresentam problemas tanto sociais, quanto ambientais. Confira a seguir quais são eles e porque eles merecem a nossa atenção!
Problemas ambientais urbanos
Os problemas ambientais urbanos são fenômenos que causam prejuízos em toda cadeia, provocando diferentes impactos ambientais nas cidades.
Entretanto, é importante ressaltar: ainda que as causas sejam naturais, as consequências da falta de planejamento urbano, ausência de consciência ambiental e a interferência humana, tem potencializado e agravado os problemas urbanos. Alguns exemplos são:
Ilha de calor
As ilhas de calor são fenômenos tipicamente urbanos e as consequências estão atreladas à falta de arborização e o intenso processo de verticalização das cidades.
Ou seja, são ocupações do solo urbano que favorecem a construção de grandes avenidas, edifícios e as demais características urbanas que limitam a circulação do ar e, consequentemente, aumentam a temperatura das cidades.
Por esse motivo, as regiões centrais ou mais urbanizadas, estão sempre mais quentes em comparação às áreas mais arborizadas e com menos edificações. A diferença de temperatura chega a ser 5ºC mais quente, conforme a densidade do município.
Inversão térmica
Além das ilhas de calor, outro problema climático nas cidades é a inversão térmica. O fenômeno ocorre de forma natural, mas é agravado pelas ações do homem devido ao acúmulo de poluição na atmosfera.
Na prática, a concentração de poluentes impede a troca natural da temperatura do ar, provocando uma inversão térmica atípica e pesada próxima à superfície.
Os gases tóxicos presentes na atmosfera resultam em doenças respiratórias, mudanças drásticas nas temperaturas e paisagens acinzentadas em toda a cidade.
Chuva ácida
A chuva ácida ocorre em regiões altamente urbanizadas e industrializadas.
A combinação da água da chuva com o grande número de poluentes na atmosfera, provocam precipitações com alto nível de acidez, sendo altamente perigoso para a saúde humana e meio ambiente.
Entre os impactos, a chuva ácida pode destruir florestas e plantações, provocar doenças respiratórias, causar a morte de peixes e efeitos corrosivos em monumentos, prédios, entre outros.
Poluição
A poluição é um dos principais problemas ambientais urbanos e está presente no ar, água, solo e também, em ambientes visuais, sonoros e luminosos – causando diversos riscos para a qualidade de vida nas cidades.
- Poluição do ar: ocasionada pelas emissões de gases na atmosfera, sendo as atividades industriais e queima de combustíveis fósseis os principais responsáveis.
- Poluição das águas e dos solos: ocasionado pelo descarte incorreto de resíduos urbanos, aterros sanitários em locais inadequados, falta de saneamento e serviços de coleta, gerando riscos à saúde da população e meio ambiente.
- Poluição visual, sonora e luminosa: se resume em números elevados de informação, como propagandas e cartazes (visual); barulho excessivo de veículos e obras de construção (sonoras); luzes artificiais e mal posicionadas (luminosa).
Problemas sociais urbanos
A soma das mudanças climáticas e as condições instáveis das cidades devido às consequências da falta de planejamento, resultaram em graves problemas sociais urbanos.
No período em que áreas urbanas cresciam e a população se instalava onde e como era possível, o controle das cidades foi se dificultando – ocasionando a segregação urbana e uma série de outros problemas sociais urbanos, como você verá adiante.
Mobilidade
O número excessivo de veículos nas cidades tem complicado o deslocamento de pessoas, tornando a mobilidade urbana um dos maiores desafios da gestão pública.
A falta de acessibilidade das vias urbanas, a ineficiência dos sistemas de transporte e o mau planejamento, faz com que a população utilize seus próprios veículos, ocasionando outro problema: vias superlotadas e trânsitos quilométricos.
Além disso, o estudo realizado pelo Jornal da USP, mostra que a população pobre é a mais atingida pelo baixo investimento em mobilidade urbana. E o motivo está atrelado ao fato das pessoas de baixa renda residirem longe dos empregos e serem obrigadas a desperdiçar horas no trânsito e no transporte público. Prova disso está em São Paulo, concentrando 64% dos empregos em áreas urbanas centrais.
Ocupação de áreas irregulares
A especulação imobiliária em regiões centrais, valores de alto poder aquisitivo e os impactos da urbanização, fez com que a população de baixa renda ocupasse áreas perigosas e com péssimas condições de infraestrutura.
Dados do IBGE apontam que mais de 5 milhões de domicílios estão em assentamentos irregulares no país, como favelas, baixadas, comunidades, loteamentos ilegais, entre outros. O cenário é extremamente preocupante, tornando-se um problema social e ambiental urbano.
Isso porque, muitas pessoas vivem às margens de rios, embaixo de viadutos e encostas de morros. Em períodos de chuva, a população sofre com enchentes, inundações, alagamentos e deslizamentos que ocasionam vítimas fatais.
Violência
De acordo com o Atlas da Violência de 2018, o Brasil é um dos países com maior índice de violência urbana no mundo. E sem dúvidas, é responsabilidade do poder público encontrar soluções e políticas públicas de forma imediata.
Considerado um problema social gravíssimo, a falta de segurança pública está associada a problemas estruturais como: desigualdades socioeconômicas, segregação urbana, desemprego e falta de acesso a outros direitos básicos como saúde, educação e saneamento básico.
Ou seja, a insegurança nas cidades são consequências da falta de planejamento urbano. Na prática, o cenário resulta na piora da qualidade de vida, desvalorização de imóveis e prejuízos econômicos.
Quais são as causas da falta de planejamento urbano
Como falamos anteriormente, muitos dos problemas ambientais e sociais urbanos são historicamente o reflexo da falta de visão sobre a necessidade do planejamento urbano.
O crescimento das cidades ocorreu de forma desenfreada, sem investimentos e infraestrutura que acompanhasse o desenvolvimento urbano – o que ocorre até hoje em muitos municípios.
Do mesmo modo, muitos gestores não cumprem uma das primeiras obrigações do Estatuto das Cidades: planejar a ocupação do solo e fazer a gestão completa, integrando todos os serviços públicos básicos e dignos da população.
Além disso, outra principal causa da falta de planejamento urbano é o número baixo de arquitetos e urbanistas na administração pública.
De acordo com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), apenas 5,29% dos arquitetos e urbanistas estão presentes no setor público. Já os especialistas em planejamento urbano, o percentual é ainda menor: 3,99%.
Portanto, é de suma importância que gestores públicos invistam em profissionais, investimentos, soluções e políticas públicas em prol dos cidadãos e qualidade de vida nas cidades.
Quais as consequências da falta de planejamento urbano?
O investimento tardio no planejamento urbano traz prejuízos e consequências como os problemas ambientais e sociais. Por esse motivo, é muito comum que cidades sofram com desafios que dificultam o desenvolvimento sustentável urbano.
Outro exemplo das consequências da falta de planejamento urbano é o descontrole de todos os setores que envolvem uma cidade, como educação, saneamento, saúde, meio ambiente e economia.
Em outras palavras, uma gestão sem plano inviabiliza projetos alinhados com as necessidades urbanas e não coordena esforços que antecipem problemas futuros. Ou seja, tornam as cidades cada vez mais devastadas pela urbanização desenfreada.
Dados da falta de planejamento urbano
Você sabia que os problemas ambientais urbanos ocasionam efeitos sobre a saúde humana de forma significativa e até mesmo fatal? É o que apontam os estudos.
Uma pesquisa realizada em Barcelona, pelo Environmental Health Perspectives (EHP) revelou que 20% das mortes prematuras poderiam ser evitadas se as recomendações de desempenho de atividades físicas, qualidade do ar, níveis de ruído e acesso a espaços verdes da Organização Mundial da Saúde (OMS) fossem cumpridas.
O resultado reitera a importância de uma mudança de paradigma no planejamento e mobilidade urbana. Afinal, a qualidade ambiental urbana não só traz benefícios para a saúde pública, como é a alternativa para elevar o nível de qualidade de vida.
Além disso, a implementação de tecnologias inteligentes e sustentáveis nas cidades estão transformando a paisagem urbana e estruturando novos projetos nos espaços públicos.
De acordo com o relatório da McKinsey, as tecnologias podem melhorar a qualidade de vida urbana em até 30%. Para o levantamento, esse percentual representa vidas salvas, menores taxas de criminalidade, baixo nível de emissão de carbono, saúde e felicidade elevada para a população.
Portanto, o planejamento urbano aplicado às smart cities, é a solução mais adequada e inteligente para gestores que atuam em prol de melhorias que possam impactar os cidadãos.
Goiânia: Exemplo de cidades planejadas
Com uma infraestrutura moderna, Goiânia foi planejada no modelo cidade-jardim pelo urbanista Ebenezer Howard, onde praças, parques e áreas verdes são colocados em destaque no município.
Com o título de Capital Verde, Goiânia conta com 94 m² de área verde por habitante, sendo o maior número entre todas as capitais brasileiras. E com a taxa de arborização de 89,3%, a cidade foi eleita como a mais verde do Brasil.
Além disso, a capital foi planejada para tornar-se um centro urbano moderno e adequado para impulsionar o desenvolvimento econômico do estado.
Com um dos melhores Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, Goiania contém uma ampla cobertura de água potável, tratamento de esgoto e gestão correta de resíduos sólidos que amenizam consideravelmente os problemas ambientais e sociais urbanos.
Sem dúvidas, as cidades planejadas se destacam pela relevância pela qualidade de vida, economia, desenvolvimento urbano e sustentabilidade.
Conclusão
Os problemas das cidades urbanizadas são desafios constantes para a administração pública, sobretudo, quando esses problemas são consequências da falta de planejamento urbano.
Por esse motivo, trouxemos aqui a importância de inverter as prioridades de investimento nas áreas urbanas com ações de urbanização que eliminem os riscos ambientais e sociais urbanos. Sem dúvidas, pensar no cidadão é o primeiro passo para a transformação das cidades.
Quer ficar por dentro de todas as novidades e soluções para a gestão pública? Acesse o nosso blog e tenha uma ótima boa leitura!
Exati
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